domingo, 20 de abril de 2008

Clarice

Já é quase meio dia, e Osvaldo prepara-se para dar um grande passo,
imaginando um dia sutil, quase despercebido.
Pensa ser uma pessoa triste ou talvez uma pessoa que só não ache saída. Sentado no ponto de ônibus pausa todos os seus pensamentos, ele presta atenção no livro que a garota esta lendo ao seu lado. O titulo não trouxe muitas lembrança, só o nome da autora daquela obra fez com que ele voltasse no tempo e lembrasse como foi que conheceu Clarice, sua já falecida esposa, tudo veio como um filme, o primeiro olhar, o toque até o pedido de namoro, deu risada, mas também se emocionou!
Pensou que se Clarice estivesse viva diria: “Vá em frente querido, não desista agora.” Voz tão doce que há anos me despertou dos cochilos de depois do almoço...
O que foi que aprendeu com ela?
Será que foi só a ter um coração saudoso dos tempos passados. Com certeza não foi essa a intenção da Clarice, mas porque ela se foi ?
Distancia, solidão passaram a ser parte de Osvaldo. Acordar todas as manhãs sem aquela mulher que ainda ama, dois meses e o vazio fazendo parte de Osvaldo mais um dia, todos os dias!
Palito de linho branco, sobe no palco com um sorriso lindo e ingênuo passa para as pessoas uma arte, um conto, tudo aquilo que não pode viver, mas vive de uma forma como a historia de qualquer personagem. Pra muitos alguns João, Marcos, Elias (todos seus personagens favoritos)... pra ele no intimo da solidão apenas uma ultima historia, vai representar, viver uma vida mesmo que seja por instantes enquanto esta nesse palco, mas quando as cortinas fecharem os refletores se apagarem no ultimo dia dessa apresentação mato este “homem personagem” e volta pra sua solidão e as lembranças de Clarice.

(Decidi dar o nome de Clarice a esta personagem depois que li alguns dos textos de Clarice Lispector, quem sou eu pra fazer isso, mas ... esta mulher merece e muito!!!)